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Desenhar quadrinhos é viciante...

Desenhar quadrinhos é realmente viciante, prática que toma conta dos meus dias, me faz perdê-los de vista. O desenho, página a página, vai se desenrolando delicadamente no prazer de desenhar... e como carretel solto ao vento no espaço, riscando o tempo com a linha que se desenrola... imprime a sua história. A linguagem dos quadrinhos tomou conta da minha vida, da minha arte e por que não criar um espaço próprio pra ela, dando assim, um sentido todo especial a tudo isso?


Resumindo minha trajetória, comecei a desenhar para ilustrar meus fanzines que eu mesma publicava e distribuía artesanalmente, quando envolvida com o movimento punk, no final dos anos 90. Cheguei a editar vários zines temáticos, com histórias autorais, como o "Atristar", que contou com duas edições. Com o tempo, o desenho silenciou. Me conduziu a uma larga temporada de experiência da imagem, imagem a imagem, procurando o desenho em outras linguagens, despindo-o dos modos narrativos. Pelo menos, eu acreditava que, com isso, poderia chegar a uma certa "essência" de desenhar, no seu coração (o coração de uma linha? rsss). Logo, foi desenhando muito, estudando suas possibilidades e maneiras de ser, explorando os meus motivos preferidos, como a figura humana... que girei sobre mim mesma, sobre minhas referências, aproximando-me de um sentido de identidade (e necessidade) maior (to be continued). Os fanzines, as histórias permaneciam no meu trabalho como uma marca, como um modo de ser, assim como as bonecas de papel que foram a origem do desenho na minha vida. Sem falar nos tantos cadernos e registros que não poderia deixar pra trás, esse aspecto "diarístico", a composição de ficções, o registrar e investigar a vida pela linguagem, pela intimidade, para conseguir lê-la, compreendê-la e vivê-la melhor. Afinal, não precisamos dissimular, o que todos queremos sempre é ficar bem, o suficiente para podermos prosseguir no cotidiano e na arte.


Faz uns dois anos recomecei a desenhar histórias pensando nas histórias, quero dizer, na linguagem narrativa dos quadrinhos. Guiada pelo ritmo, pelas tramas de ideias, pelos modos de contar, de ver, de sentir, de ler, de expor, de envolver, etc, etc, etc. A dificuldade (é muito difícil desenhar quadrinhos, ao contrário do que muitos pensam. É um desafio artístico, intelectual, sensível, poético... bastante específico e de tirar qualquer um dos eixos!) de construção e de acabamento. Vale dizer que só entramos nessa se estamos realmente envolvidos... (cá entre nós, uma maneira muito boa de se levar os dias, os traços!). E no que isso vai dar? É desenhar e desenhar, esses são meus objetivos, e se chego a algum lugar é a este momento. Pois como escreveu Carroll "Somos só crianças crescidas, querida. Inquietas, até que o sono nos dê guarida."


Aline Daka, janeiro de 2015.

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